quarta-feira, 2 de março de 2011

Cartilha da Família



Cartilha da Família










YANAY
“YANTHIA & KENNAY”
jbcampos














Eis a nossa árvore genealógica

Sonho
Eu
sonho
colorido,
e você amigo,
com ego ferido?
Em preto e branco?
Entre lágrimas e prantos
Seu sonho é, a base da vida,
bem interpretado, bem-sucedido!
Sonho, dom, por Deus a nós concebido,
a mim, a ela, a você e, até aos mais atrevidos...
Exteriorizo meus agradecimentos, com abraço vivido,
Aprenda no seu sonho, a sonhar... E seja nele, bem recebido!
Use sua consciência e, o seu sonho com certeza será entendido!
Árvore da
existência.
Sorria por
excelência,
pelo fato de
ter existido.
Nesta escola
contém a cola,
e aluno repetido.


“Sonhar é viver”
Eis a vida.

DICIONÁRIO DE PRÉ-VERNÁCULOS

AVÔ BABÃO

Este é um livro muito sério, que expõe a verdadeira per-sonalidade de duas crianças, com resquícios de suas vidas pregressas, ou com heranças genéticas, bem, este enigma fica para você desvendar após completar sua leitura, a qual lhe trará recordações extremamente importantes de sua própria existência humana. Qual seria o motivo de uma criança recém-chegada a este nosso convívio, pronunciar as palavras semelhantemente a um estrangeiro, invertendo assim, a ordem das palavras e com sotaque semelhante? Como neste exemplo: “Esse paáta mata nóis” – tradução “luso-tirolês”, ou “luso-germano”: Nós matamos essa barata.
Recorde-se da sua infância, ou da de seus filhos e netos. Pois, o dialeto infantil assemelha-se muito entre os pré-infantes.
Afinal; quem somos nós, e o que estamos fazendo aqui no planeta azul?
Haja vista a infinidade de religiões para explicar o inexpli-cável.
Vamos denotar nesta cartilha não somente a brincadeira-séria de projetar a fala infantil, indo além, deixando explí-cito aos mais interessados, que são os dois protagonistas deste “dicionário”, e por que não seria um dicionário, já que os inventores do idioma, a exemplo de Luiz de Camões, o qual criava constantemente os verbetes de seus Lusíadas, e tan-tos outros poetas, e escritores gerais, e até mesmo os dize-res coloquiais, que com o passar do tempo vão integrar os dicionários léxicos acadêmicos.
Voltando ao assunto da conscientização, falávamos sobre as religiões, que acabam cegando seus ascetas, embora, a fé lhes confira muitos milagres. Isto funciona mais ou menos assim: os exegetas e jurisprudentes da nossa Carta Magna, dizem que a justiça é cega, assim é a fé. Creia numa bana-neira, e receberá seus milagres. Temos maravilhosos mila-gres no budismo, catolicismo, evangelismo, espiritismo, es-piritualismo, indianismo, pois, até índios recebem suas curas, através da pajelança, etc.
Portanto, a vocês queridos netos, quando compreenderem um pouco da vida e estiverem folhando estas poucas páginas, entendam como lhes aprouverem, e sejam felizes.

Avô babão

“YANTHIA & KENNAY”
Netos autores
6 e 2,5 anos
Tradutor vovô Campos
62 anos

O primeiro diálogo de uma criança é realmente emocio-nante, principalmente tratando-se de um avô que está vol-tando à infância a dialogar com seus queridos netinhos. Com uma curiosidade implacável ao ver-lhe fenecer a vida, e por ainda nada saber sobre ela. Intrincados pensamentos passam pela cabeça encanecida e alvejada, diante da inocência das crianças.


YANTHIA

Narrativa de avô baboso. Nasce o primogênito, menino apolíneo e saudável, com raízes fortes, nipo-européia, essa miscigenação deu brilho especial ao rebento.
Famílias: “Bonini-Sodeyama & Medeiros-Campos”. No e-xato momento com seis anos, e muito experto como toda a criança de sua geração info-cibernética ou telemática.



KENNAY

Kennay nada deixa a desejar, sendo marcado mais pela origem européia, está naquela idade curiosa de aprender a falar, sua curiosidade é extrema, e muito engraçada, cujo estágio já foi superado pelo irmão Yanthia.


Diálogo atual

O momento que se eterniza

Reuniu-se a família para recordar algumas falas das duas crianças. As quais nos marcaram a todos. São momentos que passam rapidamente como um piscar-de-olhos. Nem pensar em dispensar estes momentos divinos, que a vida se nos o-ferece como raridade.
Observação enfática: Falemos no singular para caracte-rizar este “singular” momento. Este é um momento ímpar de nossa existência. Seria um grande prejuízo para nós adultos deixá-lo passar despercebido. É a pequena-grande riqueza que Deus nos dá, quiçá, tenhamos esta consciência, posto que a vida seja muito curta e este momento jamais voltará, partindo da verdade de que nada é igual a nada, portanto, nada se repete.
Reunião para relembrar alguns verbetes do Yanthia.
Também, chamado de Yan, ou Tatá.

Diz-lhe, Glauber, o pai:

Lembra-se Yan lá na dentista, quando falávamos sobre amálgama, e você repetia a fala: amólguena
E quando me referi ao improviso de uma massa, a qual a doutora poderia usar não me lembro bem, me parece ser abtique, nem sei se esta palavra está correta.
Lá veio você repetindo a palavra improvisa: retrovisa, e apetrique.

Agora é a mãe, Thaís

Entra a mãe na conversa e fala sobre terapia, que para o Yan seria: teraplia. E quando me referi à acupuntura aplicada no lóbulo da orelha, chega você com as frases: apucuntura no bólulo da olhera, e reflexo de minha dor de dente, ficou, repétrico de minha dor de dente.

Eis o pai, Glauber

Agora o pai fala criando algumas frases irônicas, tirando sarro do filho Yan, enquanto, os avôs ficam na audiência:
Vou lhe dar um conceito (conselho), quando ochê chubí (você subir) a estada (escada), chuba de jequisqui (suba de Jet ski) pra ver a vó Aquel (vovó Raquel). E logo vá ver o vô Câmpiso (vovô Campos) dirigir sua babata (Tobata = trato-rito). E quando voltar suba no tutula do vô Catatau (trator do vovô Sérgio), mas cuidado com o tovalo (cavalo), ele pode se assustar com o barulho do pilicóto (helicóptero). E quando estiver andando pelo terreno cuidado com a fôlo (flor), não vá esmagá-la com o papato (sapato). Não tenha medo, tio ôse está patê bicho (tia Rose vai matar a aranha). Cuidado para não machucar o pé pegando uma inflexão (infecção). E quando entrar para o seu quarto assista: ninassupororosa (Meninas Super Poderosas).
E depois, escove seus dentes com cogate tribulação (Col-gate tripla-ação) e pegue a tetila (caneta) para fazer a lição, não desobedeça, senão não levo mais você ao upalori (Hopy-hari), vou pedir para a Vosana (Rosana) estourar picocas, e depois disto tudo, deixo você ir brincar com o Bichia (Messias) na casa do Ninino Véio (Seu Adelino). E depois, sua prima Zizi (Grazielle) vai lhe buscar.
Você fez depropóstero (depropósito) ao quebrar o tacaco idrólico (macaco hidráulico) do papai. Ainda bem que o “di-ferenciado” Nonô (Coluno – funcionário da casa) já o conser-tou.

Agora é a tia Tânia que faz a provocação:

- Quais são as cores que você mais gosta Yan?
Enquanto, o Yan tenta respondê-la é interceptado pela própria, que faz o arremedo de sua fala: do zul, lelélo e pê-to... (azul, amarelo e preto). Continua a tia: Pegue a tetila (caneta) para escrever uma carta, que lhe dou um pepito (pirulito) para você chupar. Escute o som do ión (avião), que está voando lá no céu, e do minhóm (caminhão) lá na estrada.
Zeéquiii e Quinton vão pegar Nina e Chimba. (Jackie e Clinton vão pegar Simba e Nina). = Clinton é o cão – Simba e Nina duas gatinhas.
Vou andar no cáo (carro) do tiú (tio Fê). Resolvi andar de baica (bicicleta), ou de móto (motocicleta), quer saber de uma coisa: vou ver o gígio (vídeo), mas ainhã (amanhã) tenho de acordar cedo. - E se o bissú (bicho) me pega...
O Yan era realmente um garoto perguntador, tudo queria saber, parece não ter mudado em nada, continua o mesmo...
Lá vem a tia de novo:
Tia pegue uma chupa pra mim... chupa (laranja) não é co-cóca (veneno), é?
Mshã é zóia (maçã é jóia). – Quero maish chupa (quero mais laranja)...
Briguei com o babaca do Bichia (Messias), empurrando-o disse: xai lá (vai pra lá). O meu dói (bilau) está assado.
Quando queria trocar de peito ao se amamentar na mãe, simplesmente dirigia-se ao ôto. (outro peito). Ao chamar pela amiguinha Verônica, dizia: Veronca., e Simone ficava: Momona.

Diálogo entre avô e netinho mais novo

Pergunta o avô ao Titico, o menorzinho, diga o seu nome para o vovô.
Responde-lhe o netinho de dois anos e meio:
Nanai = Kennay
O avô babão insiste:
- Diga o nome do seu vovô.
- Vovô Pampo = Vovô Campos
- E o vovô Catatau = Apelido lhe dado pelo avô Sérgio, avô por parte materna, e que se mesclou à alcunha entre os dois: avô-neto. Então ao Kennay, este é chamado por: Vovô Catatau.
- Tatatau , Tatatau...
Enquanto, a criança tentava desembaraçar um sonho “mental” de valsa, que o velho tinha lhe dado.
O neto então solicita ao avô.
- Aba tamim, vovô = Abra para mim, vovô.
- Peça ao Yanthia.
- Tatá, aba ta mim.
O irmão não sonega auxílio ao pentelhinho, porém, passa a bola ao avô com a maior displicência.
Pacientemente o ancião desembrulha o chocolate, en-quanto, o netinho expõe o desejo de ir com o pai.
- Eu fô a minha chupai = Eu vou com o meu papai
O avô rindo, e muito feliz por ter tamanha dádiva divina para pajear nos momentos de lembranças de sua própria infância e juventude, retorqui-lhe:
- Chupai, ah... ah... chupai, e o que você vai fazer lá com o papai?
Novamente Yan é acionado pelo avô.
- Vá com o Tico, Tatá.
Mas, Titico matraqueia:
- Eu fô bintá minha minhão = Vou brincar com meu cami-nhão.
- Vá com Deus!
O garotinho repete a frase mais gloriosa, que um ser hu-mano pode pronunciar.
- Vá cô Deze.
Enquanto, lhe cruza a frente o gatinho muito lindo, muito fofo mesmo, era o Quirim, também conhecido por Quiqui, e o velho em seguida exclama:
- Olha o Quiqui, Nanay (Tico)...
Vem à resposta incontinenti.
Datschinho ôze = Gatinho da tia Rose.
Como nada é perfeito, aquela criaturazinha também a-prendera alguns verbetes bem comum nas bocas dos adultos e, casca uma de doer.
- Pia pá puta.= F. P.
Kennay havia tropeçado no gato, que deu um forte miado. Não parando por aí, balbuciando mais algumas palavras de baixo calão = Sem tradução
O velho meio safado não resiste à conversa chula da ino-cente criança, enquanto, racha o bico de tanto rir, a nora ralha com o fedelho.
- Não fale palavrão, Kennay...
Novamente o avô interfere dizendo, vá brincar com seu caminhão carreta.
- Minhão carrrreta, vovô, Fô bintá tatô carrrreta. = Vou brincar com o trator carreta
- Cuidado, para não bater o caminhão no trator, Titico.
- É biigoso vovô? = É perigoso, vovô?
- Ponha um à frente do outro, ou melhor, faça o trator puxar o caminhão.
- Tô bunhando = Estou pondo.
Após alguns minutos o garotinho pende sobre os brinque-dos, sopitado pelo desgaste energético, e o avô lhe per-gunta:
- Está com sono, Tico?
- Tô dumindo, vovô...
Enquanto, passa pelo local o cão que já fora de guarda, hoje, coitado, cambaio, envelhecido e esquálido.
Yanthia fala em tom provocativo:
- Chame o Pluto para dormir com você.
- Tachoio, não = Cachorro não.
- Põe, para dormir com você.
- Nu dá pá bunhá = Não dá para pôr.
Abraçado ao boneco de pelúcia, diz:
- Tô vazendo Mique dumi, o puto tome eie = Estou fazendo o Mikey dormir, o Pluto pode comê-lo.
- Esse vóde dumi nanai = Esse pode dormir com Kennay.
- Coloque o dinossauro rex para dormir com você. Tra-tando-se de outro protótipo de nossos ancestrais.
- Diossau rex, nu dá, eie tome o mique = Com o dinossauro rex não dá, ele come o Mikey.
Bem, o velho acaba de despertar definitivamente o Tico, que agora quer ir para o escritório e pede ajuda ao avô para levar seus brinquedos.
- Azuda ta mim, vovô = Ajuda-me vovô.
- Peça pro Yan, ele lhe ajuda.
- Aonde você vai.
- Tóio, fô tóio... = Escritório, vou ao escritório.
- Vai brincar com o gorila? Outro boneco, é claro.
- Bincacaco = Brincar com o macaco.
- Guía, nu fô pintá maze = Não vou brincar mais com o go-rila.

No escritório

Já no escritório; um misto de organização “desorganizada” pelo espalhafatoso ato de se conservar muitos brinquedos numa das salas ao lado, onde jamais fora sonegado o ato de liberdade às crianças. Ali se guarda as relíquias da família materna, os livros sagrados do Dr. Sérgio, renomado Ph. D, professor emérito das melhores universidades do país, ora calmo, ora esfuziante com os pirralhos, e um mobiliário fantástico, qual relicário dá lugar ao mais sagrado, o amor aos netos tornando-se um antiquário moderno, reche-ado de brinquedos. É a vida fazendo suas diferenças no e-terno ato de evoluir.
O velho senta-se à frente de seu computador para relatar alguns fatos do dia, referente a essa cartilha de bons modos, ao ouvir a conversação e as brigas das crianças.

Diz Yanthia:
- Brinque com esse, Kennay.
- Bicáoesse nón, nón, nón...
- Brinque com esse, Kenay, ele tem o dente grandão.
- Dende deie é dandão? = O dente dele é grandão?
O avô, todo empertigado, orgulhoso pela sua prole, sem mais nem por que, recebe uma bolada na cabeça. É Tatá, que chuta uma das bolas que traspassa os limites de creche, a responsável escritório de consultoria à empresa da família: “Os Magos das Delícias Caseiras: Yanthia & Kennay.
Então lhe diz o avô, cuidado, essa bola podia ter quebrado a vidraça, e com muitas explicativas mais, para que o projeto de gente entendesse o que o avô lhe quis dizer, concluindo:
- O papai não vai comprar mais bola a vocês se isto não parar de acontecer.
O Yanthia, com seus seis anos entende bem o que o avô fala.
Enquanto, o Tico atônito, querendo entender até por desconfiança de ser o que deduz, e fala:
- Nu compa maze bóia. = Não compra mais bola.
- Cuidem de seus brinquedos, pois, a maioria das crianças não possui brinquedos como vocês, seus fedelhos.
Lá vem o Titico novamente, ele é realmente tagarela.
- Pintedo fedêio, vovô = Brinquedo fedelho, vovô...
Com certeza querendo entender o assunto.
Tatá e Tico é a dupla da alegria, para apagar algum res-quício discursivo dos adultos, coisa normal entre familiares.
O assunto envereda para outro brinquedo, enquanto, o velho escreve a cartilha que, na realidade deve ser lida pelos adultos, os quais esquecem suas raízes de nascituros nesta vida.
- Apete esse, Yan = aperte esse, Yanthia.
- Coloque o brinquedo ai em cima da mesa.
- Bunhá pintedo meja, nu bonho nu bonho, pucaía... = Colo-car o brinquedo na mesa, não coloco, não coloco, porcaria...
Tico, saindo da sala onde ficam os brinquedos vem cor-rendo e abraça o avô, e acaba por derrubar seus óculos, e o avô fala:
- Cuidado com os óculos do vovô, eles podem se quebrar.
- Tócles vovô, queba? – Os óculos do vovô se quebram?
- Sim, eles se quebram, são feitos de vidro.
- Vido queba? = Vidro quebra?
- Té icho = O que é isso?
Agora apontando ao teclado do computador, como se a-quilo lhe fosse alguma novidade, posto que o pirralho já o houvesse quebrado por várias vezes.
Brincando, o avô lhe diz:
- Brinquedo de velho.
- Bintedo maze = Mais brinquedo...
Neste momento entra a nora, mãe do dito cujo, e nos chama para o almoço:
- Vamos almoçar seu Campos...
Tatá repete a frase da mãe, remedado pelo Tico:
- Vamo tumê, vovô = Vamos comer, vovô...
Com o neto ao colo, o avô diz:
- Só se você me der um abraço.
- Apacho, vovô, apacho.
Dando-lhe o abraço, seguem para o almoço.

No almoço

À mesa, ouve-se o resmungar de Tico:
- Facha ta mim = Faça para mim.
Pedia para a mãe lhe fazer o prato.
- Chupai fazeu = Papai fez.
A mãe, pensando estar quebrada a cadeira, que prende o filho, para que não caia, diz:
- Está quebrada.
Repete o tagarela:
- Tá quebado.
- De novo.
Fala o pai.
- Zenovo.
Repete o Tico.
O Pai:
- Use a outra.
Referindo-se à outra cadeira.
- Mamãe ucha = Mamãe usa.
Ei-lo a tagarelar.
Agora quer o prato do avô.
- Esse é do vovô, diz-lhe a mãe.
- Eche, vovô?
O Yanthia assopra uma corneta de plástico, sibilando um som ardido, apimentado, e ouve um costumeiro, pára com isso, Yan.
- Páia toneta, Yan = Pare de tocar a corneta Yanthia.
- Cale a boca.
Diz-lhe o irmão
- Pala boca ocê = Cale a boca você.
- Você está fazendo muita bagunça, Tico.
Fala o pai.
- Fazeu baguncha chupai.
Repete o “cover” de papagaio.
- Já estou nervoso por você derrubar tanta comida, Ken-nay.
Era o pai de novo.
- Ubá, evoso chupai? = Nervoso por eu derrubar, papai?
- Você não consegue ficar com modo, Kennay?
A tudo ele responde:
- Tunsegue modo, chupai?
Interessante é o modo como pede comida, associa todas as comidas com macarrão.
Maze carrão, mãe = mais comida, mãe.
Fô dá tigue e ião.
Desta vez pede comida para dar ao tigre e ao leão, dois brinquedos de plástico, que estão juntos dele no momento da janta, enquanto derruba o prato e o pai lhe ralha, e a res-posta é rápida e rasteira:
Tô tiste = Estou triste.
Muito invocado já não quer mais comer e embirrado diz que quer ver um desenho animado e evoca o seu personagem:
- Telo Bobponza = Quero assistir o Bob Esponja.
No afã de descer da cadeira, acaba por derrubar o sapato do pé direito, enquanto a mãe preocupada exclama: achei outro pé, referindo-se ao pé de sapato. Resmunga o Tico:
Achotupé? = Achou outro pé?

No escritório

Como se chama sua professora, Kennay?
Tiamata = Tia Marta.
Enquanto, o avô digitava um documento da empresa, um visitante, pergunta a criança:
O que o vovô está fazendo, Kennay?
O pirralho, parecendo tirar uma com a cara do entrevista-dor, lhe responde outra coisa:
Vovô tiovapa = Vovô tirou a barba.
Brincando com alguns bonequinhos de borracha, aleatoria-mente começa a balbuciar seus nomes:
Puro osso = mulosso.
Barata = baiata.
Enquanto, o Tatá trava um tiroteio virtual a sós na sala de brinquedo, é bala pra todo lado, realmente o filme Tropa de Elite influenciou o garoto, nada que venha mexer com sua personalidade, já que os pais se aperceberam do fato.
Ouve-se Tico resmungar no escritório:
Essa barata é grandona = esse paata dandão, parecendo mais um alemão assassinando o português, vamos esclarecer, já que tem muita confusão neste dicionário: (assassinando a língua portuguesa) “Esse paata mata nóis” – tradução luso-tirolês: Nós matamos essa barata.
Naqueles dias um dos funcionários da empresa havia caído de sua bicicleta, e o danadinho estava por dentro do assunto, e começa a relatar o fato ao visitante, um vendedor de ingredientes para doces, etc.
- O Mato taíze bateze aíce toção = O Marcos caiu e bateu o nariz no chão.
- Tuiô teneu maique = Estorou o pneu da sua bike.
Repentinamente procura sua espada e diz:
- Mia pada, mia pada.
Parecendo uma matraca, a repetir tudo o que ouvia, vai em frente, oferecendo café ao vendedor.
- Té tafé = Quer café?
O visitante, encantado com o articulista, diz aceitar, até porque o café ali se tira na hora, de uma máquina de café expresso...
Vem bigá tafé chupai. = vem pegar o café papai.
Referindo-se a passar o café pela máquina com o apoio do papai.
Neste momento chega a avó materna, Olívia, pessoa eclé-tica, aposentada como “Controller” de uma empresa multina-cional.
- Vovó djigô = vovó chegou
Quando se dá um apagão, e Tico todo apavorado completa:
- Cabo a uze = acabou a luz
Logo se restabelece a energia, iluminando o ambiente, e Tico segurando uma colher torta, que o pai usa para retirar pó de café de um vidro de boca larga, diz:
- Chupai Dodô tudjo = papai entortou tudo.

Sala dos brinquedos

Dirige-se ao irmão, que esta na sala dos brinquedos, e que segura uma caneta, e trava uma conversação,
- Taneta djô vovô = caneta do vovô.
Vem a réplica:
- Esta caneta é minha, Kennay!
- Taneta chúia ? = A caneta é sua?
Não demora a começar uma confusão entre os dois, era o Kennay querendo tomar um passarinho de brinquedo da mão do irmão.
- Pafaínho, pafaínho...
Há a intervenção do avô, pedindo para acabar com o ba-rulho, e vem a repetição:
- Baúio, vovô = barulho, vovô.
E num tom todo meigo, querendo passar a conversa, diz ao avô.
- Biguei pixiga uchê = peguei a bexiga para você
- Deixe-me guardá-la então.
O enxerido repete:
Dêde dadá uxê= deixe-me guardar para você.
- Preste atenção: o vovô vai guardá-la para que ela não se fure.
- Pestenção dadá fúia.
Agora é o Yanthia que pede para o avô engatar um carrinho num outro, e é interferido pelo irmãozinho.
- Deidjo fazo = deixe que eu faço.
Yan contrapõe:
- Pode tirar o cavalinho da chuva Kennay.
- Pode tiá vaínho tchuva...
- Seja meu amiguinho Kennay, deixe-me fazer.
- Deidjo fazo uchê, sô biguinho uchê – deixe que eu faço para você, sou seu amiguinho.
- Cala a boca, deixe que eu faço.
- Pala boca uxê, fô matá uxê, pala boca uxê, pá... pá... pá... Kennay, agora simula um tiroteio em cima do irmão, consoli-dando seu ato de justiceiro:
- Sô tópa eíte = eu sou da Tropa de Elite.
O Yanthia revida com a simulação:
- Pá... pá... pá...
Logo vem a resposta verbalizada:
- Matatucáia = vô mata outro cara.
- Tudado ubá cadja. = cuidado derrubar a casa.
Yan se defende com um fator psicológico, usando a presença doutro brinquedo:
- Cuidado com o crocodilo, ele vai lhe morder.
- Tododgio moide?
Yan, pergunta:
- Onde está minha baratinha de corrida?
- Nanay dibou a baiatinha oída. = Kennay quebrou a baratinha de corrida.
Logo Yan vê o que está procurando, e em perfeito estado, então pede ao Nanay para pegar:
- Por favor, pega pra mim, Kennay.
- Fô bigá ôto = vou pegar outro!
- Você é cabeça dura, Kennay.
- Cabeça dúia.
Yan escorrega e cai, em seguida, vem a inocente provoca-ção:
- Tatá, taiu, Tatá taiu...
Yan (Tatá) um garoto que realmente ama o irmão, e tem o maior zelo, está sempre de olho no petiço, para resguardá-lo da piscina e das lagoas que circundam o local.
A queda fora peculiar, aquilo era praxe.
E, entra o avô, puxando a boca do Tico:
- Tico, não derrube o Tatá.
- Nô teubá Tatá, vovô...
Fala Tatá:
- Não ponha minhoca na cabeça dele, vô.
- Mióca abecha deie...
Tico sai batendo o pé, e dizendo:
- Fô dchinhá popóta = vou desenhar um hipopótamo.
Agora e a vez do Yan:
- Você está virando um hipopótamo.
- Tô giano popota.
O pai coloca uma música ao som de seu computador, e Tico grita.
- Múdgica = música.
Já entardecia e um pernilongo invade o ambiente, e Nanay sai com mais essa:
- Pichinho nón fái picá de mim = o pernilongo não vai me picar.
A energia elétrica cai, enquanto o admirado Tico (Nanay) espantado exclama:
- Ochê nón dotcha de cúio? = Você não gosta do escuro?
Voltou a energia, acendendo todas as lâmpadas, e o garoto agradece ao pai, achando ser ato do genitor.
- Picado, paê = Obrigado, papai.

No quarto

Kennay vai para seu quarto, enquanto, o avô babão vai sondá-lo e o pega conversando com a parede, com seu dedi-nho em riste conversa com alguém imaginário.
– Bem, seria imaginário mesmo?
O assunto gira em torno dos verbetes:
Cueca = tueca
Sorvete = tuvete
Colher = coé
Trovão = tovão
Danone = nanoni
Cochinha = cocinha
Também = tomém
História = itóia
Escritório = tóio
Chocolate = coscoiáte
Dá-me outro = bidáôto
Rádio = adjo
Sássi = saia
Toruga = tartaruga
Ânso = ânsia
Com as palavras acima, Kennay dialoga com outro ser, co-mo se fosse gente grande, apesar do seu vocábulo.
Espeto de chocolate = petocucuiate (um doce)
Paralelepípedo = aaepipo
Patrik = paquiqui

O velho pensamento

Essas atitudes infantis nos arremetem a um mundo maravilhoso, que às vezes passamos dezenas de anos de nossa existência, sem notá-lo. De onde remanescem esses pensa-mentos? Não seriam de uma vida próxima pregressa? Há provas contundentes de pessoas estigmatizadas com marcas de outras vidas, aos quais, a própria pessoa quando criança atribui categoricamente a essa veracidade.
Na verdade, afora o amor que prende o velho babão às crianças, aflora-lhe eflúvios de curiosidades mil, a respeito da própria existência humana. O amor está em toda a parte do universo, graças a Deus ele existe realmente, é bom que se diga: devemos amar tudo e todos.
A diferença está entre os irmãos Yanthia e Kennay, bem este é um fator normal, já que nada é igual a nada, portanto, essa diferença faz parte da eterna evolução.
Yanthia é uma criança esperta, e Kennay inicia-se no mesmo caminho.
Surge Yan com uma mexerica e uma laranja nas mãos, grita-lhe Kennay:
- Dá ta mim = Dá para mim.
Yan tenta lhe empurrar a laranja, e é logo repelido:
- Mixiíca, eu téio mixiíca, aianza nón.
Nisto, tenta descer da cadeira, e é advertido pela mãe:
- Desça devagarinho, Kennay;
- fafarinho, mãe...
- Você já caiu na escada ontem, lembra-se?
- Estada, pigei minhão = escada, porque pisei no caminhão (brinquedo).
Andando de bicicleta com o pai

- Vou apertá-lo na cadeirinha, tá.
- Potepeitá = pode apertar
- Tomedo Tachoio, chupai = estou com medo do cachorro, papai.
- Tachoio ta choito = O cachorro está solto.
- Fô patê tachoio = vou bater no cachorro.
Lá se vão os três, o pai, e o dois filhos. Yan vai com a sua bicicleta.
Após o passeio retornam e vão sair de carro, quando a mãe pergunta com qual carro vão. Kennay já vai se antecipando:
Minha caio = meu carro
- O caio tá a fóia = O carro está lá fora.
Ao mesmo tempo em que quer desenhar:
- Tadê efante papéi = Cadê o papel para desenhar o ele-fante.
- Que vê chó = Quer ver só.
- Tutodío a fôia = A folha do crocodilo
- Izenhá popota = Desenhar o hipopótamo
- Efante popota = Elefante e o hipopótamo
- O chífu = O chifre
- Efante a saia = O elefante na sala
- Efante modje = Elefante morde
- Mia caja = minha casa
Até o Jet Ski da cidade saiu na conversa do Kennay.
- Jet Ski = êchesqui.

Considerações

Esta cartilha é apenas um passatempo familiar, deixando uma pequeníssima amostragem da índole infantil, semelhante a dos adultos.
Aprendizados espetaculares, que a vida nos dá, porém, ratificamos: nada, realmente nada sabemos de nada, esta é a grande verdade humana, diante da grandeza universal macro-microcosmicamente falando.
Se as crianças são tão inocentes assim como dizemos, por que elas disputam espaços com seus próprios irmãos biológi-cos. Aí afirmamos que elas não sabem o que fazem, mas de-pois de adultas continuam com as mesmas ou mais acirradas atitudes. (atitudes inatas do inconsciente de vidas passa-das).
Por quê?
Com isto tudo, queremos dizer que, nada sabemos da vida, apenas passamos por aqui, e se quisermos nos aprimorar nesta sabedoria, teremos de meditar muito sobre este as-sunto.
Quando as chamamos de inocentes é porque sua defesa ainda inexiste diante dos problemas da vida.
Porém, como estamos defendendo a tese reencarnatória, desde o início destas escritas, entendemos que, elas, as cri-anças estão dentro de uma redoma escolar, ou incubada num reformatório interno, como se fora num casulo preparatório. Acontece que, na eternidade ficamos nivelados às crianças, tão carentes de apoios psicossomáticos quanto a elas. E muitos adultos se acham os tais, não se apercebendo que suas vidas são demasiadamente efêmeras.
Apesar da nossa esdrúxula comparação, a criança ainda traz em seu âmago a centelha divina do perdão, posto que, mesmo fustigada pelos adultos, jamais guarda rancor, ódio ou sentimentos que os valham. Sem fazermos comparação depreciativa, ela pode ser comparada com o melhor amigo do homem, o cão, que está sempre aos pés de seu dono, ainda que espancado. Pois bem, apenas os traumas prevalecem sobre eles, cujos traumas os acompanham para outras vidas. Como as que trouxeram para esta vida presente. Geralmente são os medos sem causas, infundados, sem a menor explicativa.
Nossos sentimentos comparados aos das crianças perde ao longe, infelizmente fomos contaminados pela maldade maior da concorrência de nossos irmãos, e estamos sempre apreensivos para que a nossa palavra prevaleça como a última das verdades, pois, sempre estamos pensando nas com-petições e vitórias, e jamais admitindo a derrota, aliás, pseudo derrota, posto que, quando o nosso irmão ganha, portanto, sendo vitorioso, essa vitória é mais nossa quando entendemos o amor ao próximo.
Como bem disse o mestre Jesus: “Aquele que não se tor-nar como uma criança jamais verá o reino dos céus”. Podemos interpretar essas sábias palavras como sendo o “tratado da felicidade humana”, posto que, em outra passagem bíblica, também falou: “O reino dos céus está dentro de vós”. Ou seja: a felicidade está dentro de cada coração. Posto que o Ser Maior, Deus, não vai morar fora do paraíso, que é o nosso coração. Apesar de tanta conversa, resta o maior exemplo do Mestre: “Aquele que não se tornar como uma criança, jamais entrará no reino dos céus”. Justamente aprovando a sua inocência, mesmo que momentânea, até que se torne adulta.

O AMOR INCODICIONAL DA CRIANÇA

Não se trata de ser avô babão,
Babaca, bondoso, baboso, ou bobão.
Na verdade inconteste do poeta,
São meus amores, maiores atletas
Na campanha do coração.
Yanthia & Kennay,
Se for pouco,
Aqui tem mais.
Não se apoquentem
Vocês crianças, são meus ais.
Nada é amorável quanto à criança.
Enquanto, o adulto-velho dança,
Ela mantém a esperança,
Na mãe a lhe encher
De amor e paz.
Deferência
Da natural
Carência.
Ter fé,
Onde mora
Toda ciência,
É estar dentro
Ou no centro
Da coerência.
O amor purificado da criança
É melhor que queijo e mel,
Dulcíssima esperança.
O adulto sempre alcança,
Ao lembrar-se da infância.
Nostálgicas lembranças,
Mescladas desconfianças
No destino de menino,
Porém, jamais dos pais,
Plenos de sinceros ideais.
Yantia e Kennay
Nomes imparciais,
Amores de seus pais.
Aliás, amores de avós,
De soldados e generais...
Sejam do mundo inteiro...
A nós vocês são tudo,
A idolatria é demais,
Mas, adversidades
São nossos elos,
E da corrente,
Ei-lo: chinelo
De Deus
Pai.
Não se aquebrantem...
Por dívida nem por mil réis,
Deus é o maior companheiro,
Tudo passa rápido, ou ligeiro.
Não se vendam por dinheiro,
Da vida jamais se cansem.
Não importa correrem,
Divagarem ligeiros.
Meus companheiros,
Por muito que tenham
Quiçá, belas senhas
Recheadas de reais,
A tempestade vem,
E tudo leva... além.
E vocês à espera,
Redonda esfera,
Redunda demais.
Sem pessimismo,
Sequer, cinismo.
Ajam, crianças,
É a realidade
Da verdade.
A felicidade
Sem idade,
Não reside
Na matéria.
Claridade...
Idade clara
Vida-morte.
Na certeza
De ser capaz.
Entender a paz,
A riqueza da pobreza
Humana, que nela de desfaz.
Porém, jamais desprezem o dinheiro,
Ele é bom companheiro, se acompanhado de PAZ.
Sejam felizes!

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